É mais do que claro e já
chega a ser um clichê falar o quanto a mulher se dispôs como MAIS que capaz de
raciocinar e realizar tanto e até MAIS que muitos homens, e mesmo assim o
conceito de feminilidade é extremamente contraditório.
Portanto pergunto a você
leitor assíduo do “Verbalize”, “O que é ser feminina?”.
Pelo dicionário da língua
portuguesa, feminilidade se resume a “Caráter, índole de mulher”, o que hoje
tem um significado muito mais profundo e complexo do que há alguns anos, quando
a imagem da mulher era de fragilidade, dependência e sem participação alguma na
construção social e civil. Esta é a mulher feminina, frágil, delicada, doce,
cautelosa, que está apenas à espera daquele que é seu provedor, portanto sempre
pronta e impecável para recebê-lo.
Este conceito é ainda tão
real que, mesmo após a revolução feminina, em que conquistamos o direito de
fazer parte das decisões que transformam a sociedade, busca–se esta
feminilidade, ensinada como receitas em 10 passos de como ser mãe, esposa e
profissional sem deixar de ter cuidado com os predicados que a sociedade espera
de nós. A desculpa é que, nos sacrificar por isso nos traz maior bem estar e autoestima.
Por que a sociedade reflete a obrigação de ser ainda a mulher do passado? Por
que é cobrado de nós algo que não é cobrado dos homens?
Ficamos perplexas ao ver
as propagandas do passado em que a mulher perfeita era caracterizada pela
mulher que cuida da casa e do marido com o máximo de zêlo enquanto permanece
linda e cheirosa. Mas será que as coisas realmente melhoraram? Será que este
personagem ainda existe mas em outro cenário?
A mulher de sucesso de
hoje trocou a casa pelo trabalho fora, mas ainda assim é obrigada a estar
sempre linda e prezando pela sua feminilidade a espera da aprovação do
macho-alfa que já não a provê (haja visto que já é independente).
Querido leitor, quero
esclarecer que não sou contra a vaidade feminina e sim, contra este pensamento
machista que ao ver a evolução da mulher, quer mantê-la presa àquela imagem de “prendada”,
que é obrigada a superar as expectativas do homem em perfeição e beleza. É como
um mecanismo de defesa que lembra à mulher que, mesmo diante de sua importância
na transformação da estrutura social, ainda é obrigada a provar todos os dias
quem é.
Os pés atados (características
da cultura oriental) e os espartilhos já se foram, mas o salto alto continua
ativo, mostrando o quanto ainda é sacrificante ser considerada feminina.
O Tabu é tão grande
contra aquelas que vão contra este pensamento que as leva a serem intituladas
como desleixadas e inapropriadas. Mulheres que falam palavrões, não fazem as
unhas, não são vaidosas, tachadas como descuidadas e mal-educadas. Para não ser
excluída, a própria mulher sente-se no dever de ser multitarefas e vaidosa,
para assim ser considerada uma mulher de sucesso.
Até quando ainda haverá
páginas e blogs voltados ao mundo feminino que tratem apenas de moda, beleza,
saúde e bem estar? Quando teremos reconhecida nossa máxima capacidade de pensar
e opinar sobre os mais variados assuntos.
Não me considero uma
mulher vaidosa em totalidade, apenas no mínimo “aceitável” e algumas vezes fui
questionada sobre minhas preferências sexuais (pensando que ser noiva provava
minha feminilidade), ouvindo muitos conselhos de como valorizar meus cabelos
com cortes da moda, ressaltar minhas curvas, me maquiar. Não! Se for para ser
assim eu não quero mesmo ser feminina! Se ser feminina é sinônimo de ser alheia
a tudo o que realmente me interessa, prefiro continuar como estou. Quero deixar
muito claro que conheço mulheres, muitas delas, que são vaidosas e altamente
inteligentes, mas isso deveria ser uma questão de escolha e não uma
obrigatoriedade.
As próprias mulheres tem
tradicionalmente dever de se preocupar e prezar pela sua feminilidade e são
levadas a isso pela mídia que ressalta as qualidades da mulher ideal vendendo-a
às expectadoras ansiosas para alcançar estas características.
Depois de tudo o que
passamos, feminilidade, deveria ser sinônimo de mulher. Independência, força,
competência, proteção, participação ativa e importância na sociedade, que vem
sendo assistida pelos homens em sua evolução e admirada por ser mais do que expectativas.
Não por sua aprovação e sim pelo conhecimento de que a igualdade está cada dia
mais próxima.
Ahhhhh, e lá vamos nós,
sonhando com esta Utopia de igualdade, mas isto é assunto para outro dia.
Por isso pergunto a você leitor assíduo do Verbalize ... ?
ResponderExcluirSou eu né?
Flávia M
Só você amiga!!!
ResponderExcluirPosso fingir que tenho um público assíduo??? kkkkkkk